Encantado – Arrependimento não mata (Episódio 06)
Mishael Mendes/ Inversível

Encantado – Arrependimento não mata (Episódio 06)

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Após passar um dia maravilhoso ao lado do crush, Adie achou que já estava bom demais, mas antes de entrar em casa ele pediu pra ficar um pouco mais, daí a coisa foi de boa até arrancar os suspiros mais profundos e arrepios nunca sentidos.

Quando ela estava totalmente entregue aos braços do encantado, surge a polícia enquadrando os dois – pra dar um pouco mais de agito! Só que quando a chuva pareceu partir, chegou maior temporal e ela mergulha num profundo sono, embalado pela bad.

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Derry era de atrair olhares onde passava, não só pela beleza, mas também pela simpatia e extroversão – embora não tivesse completa ideia disso, sabia apenas que, normalmente, conseguia o que queria.

Com a facilidade de descolar contatinhos, nunca precisou de aplicativos de relacionamento, só que, focado nos estudos e trabalho, acabou por restar pouco tempo pras conquistas, foi aí que resolveu entrar no Tinder, no exato momento de conhecer a garota que lhe chamou a atenção de uma forma que nem ele soube dizer – foi atração instantânea.

De cabelo encaracolado e curto, ela tinha o alvor na pele, com sardas nas maçãs do rosto, olhos cor de mel que ficavam verdes quando a luz incidia sobre eles e uma auréola, contornando as pupilas, num verde intenso – três fotos foram suficientes pra absorver todos esses detalhes.

Fora as fotos, o máximo de informação que encontrou, no perfil de Adrija Palmer, foi as músicas mais ouvidas, já que ela tinha conectado a conta do Spotify, permitindo saber que tinha os mesmos gostos, ainda deu pra ver que tinham conhecidos em comum no Face e só.

Além da beleza estonteante da garota, o mistério proporcionado pela falta de informações despertou o interesse de Derry, além da suspeita do perfil ser fake – os reais costumavam ser mais completos.

Adrija tinha um sorriso lindo, embora não parecesse ser muito de sorrir, das três fotos apenas numa ela se estava assim, mas foi o suficiente pra inundá-lo de luz, assim como o ambiente que ele se encontrava.

Estranho mesmo

Mesmo sempre estando de bom humor e sorridente, aquele não era um dos melhores dias de Derry – mero eufemismo pra não dizer o contrário.

O tempo acinzentado, visto pela janela, assim que levantou, parecia prever que algo estava pra acontecer, bem como o ânimo impregnado de uma forte melancolia.

Pouco depois de chegar no serviço, Travis, seu supervisor, o chamou pra dar feedback.

— Você precisa mudar sua postura, porque várias pessoas têm reclamado de você.

— OK! – Derry interrompeu, mantendo a calma. – Diz aí quem foi, porque nunca neguei ajuda a ninguém e trato a geral com respeito.

— Derek, você sabe que não posso dizer, essas informações são passadas em confidencialidade.

“Pessoas inseguras nem sempre vão apreciar o que você tem de melhor, elas tentarão transformar suas qualidades em defeitos pra esconder a própria incapacidade de lidar com seu potencial.”

— Pois insisto que fale, é fácil demais, na sua posição, fazer várias acusações, sem provar nada.

— É exatamente esse seu comportamento reativo que tem desencadeado isso, estou apenas te dando feedback e você já fica na defensiva.

— Mals aí, mas o que parece é que cê tá usando essa coisa de feedback só pra ofender, sem a gente poder dizer nada. E querer saber o que tá acontecendo não é atitude reativa.

— Veja bem, isso pode incomodar, mas só digo isso porque me importo com você. Quando te contratei foi pra você fazer parte da minha equipe, por isso quando pediram pra te demitir, intervim a seu favor, porque acho que todos merecem uma segunda chance.

A partir daí, Travis começou a tecer vários elogios, dizendo o quanto Derry era incrível e que podia fazer coisas fantásticas, enchendo a bola dele a ponto de quase estourar.

— Espero poder contar contigo! Você faz parte da equipe que escolhi e sei que pode muito.

Derry agradeceu, deu um sorriso e saiu, mas bastou fechar a porta pro rosto assumir um ar sério, então ele respirou fundo. Quem o viu não notou alteração no humor, mas por dentro ele estava abalado, então seguiu pra própria sala.

Por mais calmo que tenha ficado durante a conversa, Derry precisou respirar profundamente pro nervosismo, que fez tremer as mãos, não se evidenciar na voz – grande foram as asneiras que ouviu.

Estava claro que a presença dele incomodava Travis, assim o cara buscou desestabilizá-lo, pois tinha ficado evidente aos olhos de todos que Derry era bem mais competente do que as atribuições lhe exigiam – o que pode ser assustador, afinal, pessoas inseguras nem sempre vão apreciar o que você tem de melhor, elas tentarão transformar suas qualidades em defeitos pra esconder a própria incapacidade de lidar com seu potencial.

Porém, nada do que ouviu conseguiu rebaixá-lo ou o elevar, Derry conhecia o próprio potencial, daí ficou sério, mantendo a compostura – embora não tenha sido fácil ouvir tudo em silêncio. De começo, mostrou não aceitar papinho mole, mas quando Travis começou a dar lição de moral e ficar puxa-saco, ele apenas escutou, torcendo pra falação terminar o mais rápido possível.

Ao começar trabalhar ali, algo que mais chamou atenção em Travis foi como ele conseguia ver o melhor nas pessoas, então colou nele – só pra perceber o quanto o cara gostava de falar mal de tudo e todos, além de fazer as coisas de qualquer jeito apenas pra fazer média com os chefões. Então Derry foi se afastando, ficando mais na sua – até porque isso ajudava bastante no processo de criação.

“É mais fácil julgar nossas ações enxergando os defeitos dos outros, sem perceber que o semelhante apenas copia o que existe em nós.”

O atrito começou após ele descobrir que Travis não aceitava que falassem algo ou ser questionado, ainda que Derry tivesse tentado conversar sobre uma mancada, o cara ficou histérico, acusando-o de lhe ofender, faltar com respeito e até gritar, embora nada disso tivesse acontecido.

Depois disso ele passou a ficar reativo e não poupava palavras pra acusá-lo de ser autossuficiente, arrogante e incompreensivo quando podia, nesses momentos Derry se sentia um espelho, onde tudo que Travis despejava era o que via em si mesmo – é mais fácil julgar nossas ações enxergando os defeitos dos outros, sem perceber que o semelhante apenas copia o que existe em nós.

Após fechar a porta da sala, botou a playlist “Pra Viajar” pra tocar e começou a projetar o storyboard que precisava rascunhar, lutando contra o ímpeto de jogar tudo pro alto e pedir demissão – enfrentar uma daquelas logo de manhã só podia ser pra azedar o resto do dia.

Ele amava o que fazia, botando tudo de si nos trabalhos, mas a cada dia estava ficando mais complicado continuar ali, por mais que fizesse o melhor e o que Travis pedia, ele ainda reclamava, botava a culpa nele ou chegava virado no Jiraya – o que gradualmente estava minando-lhe a empolgação.

Sentindo precisar de uma pausa, Derry resolveu olhar o Tinder, só pra não ver o tempo passar, se arrastando com imensas cadeias presas aos pés e mãos, que lhe tornavam a capacidade de locomoção ainda mais dificultada.

Foi abrir o app e instantaneamente surgiu aquele raio de sol que, por pouco, não lhe cega os olhos, mas que foi forte suficiente pra ofuscar o tédio, a raiva, a melancolia e todos demais sentimentos conflitantes e ele se pôs a sorrir – sem qualquer razão aparente – e ficou vendo e revendo as mesmas três fotos, até descobrir que a garota era um completo mistério.

Sem ter mais o que pensar a não ser que desejava conhecê-la, deu like após conseguir parar de admirá-la, voltando aos desenhos bem mais disposto.

Na hora do almoço, Derry deu um conferes pra ver se o match já tinha rolado, mas havia sinal de nada.

“O propósito da paquera não é despertar amor, mas criar conexões, através de bons momentos compartilhados.”

“Ué, que aconteceu?” – Ele indagou a si mesmo, sem nada entender.

Pelo visto a Adrija o descurtiu – dificilmente quando curtia alguém o match não era instantâneo ou ocorria logo após o deslize pra direita.

Isso acontecia porque o algoritmo do app, o elo escore, classificou-lhe o perfil como atraente, assim ele conseguia uma média de aceitação de 20% – enquanto os medianos tinham menos de 1% (0,87%) e os menos atraentes apenas 0,5%.

Como mulheres são mais seletivas na hora de curtir perfis sugeridos, dão like em apenas 12%, já os homens curtem, em média, 46% das sugestões – resultando em 80% dos homens menos atrativos competindo por 22% das mulheres mais baixas na escala de atratividade, enquanto 78% das mulheres mais altas na mesma escala disputam por 20% dos homens mais atraentes, ou seja, se o Tinder fosse um país, seria mais desigual que 95,1% de todos os países – por isso Derry conseguia mais números de matches e numa velocidade maior que a maioria.

“Então tá, né!?” – Ele se conformou. Que podia fazer?

Então resolveu deslizar alguns perfis, foi quando a foto da garota surgiu novamente – só podia ser coincidência demais – como ele não acreditava nessas coisas de acaso, foi logo deslizando pra direita.

“Quem sabe agora vai?!” – Derry sorriu.

Foi exatamente o que aconteceu, daí eles começaram a conversar e rolou uma ligação legal entre eles.

Nas conversas deu pra notar Adie meio contida nas respostas, mas ele continuou fofo e atencioso, deixando-a com vontade de estender a conversa até onde eles perdiam o rumo do que falavam, indo por caminhos que permitiam se conhecer melhor, enquanto isso ele seguia fazendo graça, só pra descontrair e o papo ficar mais gostoso.

Quanto mais conversavam, mais atraído por Adie ele foi ficando, a ponto de nem aguentar até o dia do encontro pra vê-la e sugeriu ir à casa dela, no dia anterior, só que tudo que conseguiu foi levar bolo.

Se ele ficou pistola? Ficou sim, mas ao invés de discutir, preferiu respirar fundo e descontar nos chocolates, assim continuou com as boas interações, pois se desse em nada ao menos ia ter um pouco mais de experiência. O fato de ser compreensivo e brincalhão só fez Adie ficar mais encantada.

Sabendo que o propósito da paquera não é despertar amor, mas criar conexões, através de bons momentos compartilhados Derry foi gentil e engraçado, assim toda vez que Adie pensasse nele ia ter motivos pra sorrir e sentir desejo maior de sua companhia, além de conseguir-lhe a admiração.

“Como arrependimento não mata, pelo menos dá pra lucrar com ele.”

Quando finalmente saíram, ele proporcionou a melhor experiência possível, sendo bastante carinhoso. Derry gostava de demostrar o que sentia, mas percebeu que Adie era tímida demais, então procurou respeitar isso a medida que a fez se sentir segura suficiente pra esquecer essa coisa de vergonha.

Conforme ela foi vendo o nível de entrega dele, se sentiu a vontade pra também chegar lá – o que aconteceu já no segundo encontro – Adie estava toda na dele, o fato de passar o dia todo juntos ajudou bastante, pois Derry teve tempo de sobra pra encantá-la total.

Aproveitando o nível de intimidade e, sabendo das sensações que podia despertar com toques, beijos e carícias no lugar certo, conseguiu arrancar arrepios e até um gemido baixinho de Adie, mas antes da coisa esquentar de vez alguém deve ter percebido e tentou chamar o bombeiro, como não achou o número acabou ligando pra polícia.

A situação toda foi meio chata, mas acabou rendendo uma aventura – daquelas que a gente conta pro riso da geral – terminando com boas gargalhadas, além de aumentar o nível de intimidade entre eles.

Tudo bem que Derry ficou meio assustado quando ela propôs passar alguns dias juntos – eles estavam começando a ficar e Adie já estava pensando em programa de casal – mas ele seguiu na brincadeira, até porque a companhia era boa e o local parecia interessante.

Só que antes da coisa ficar melhor, Katlyn enviou uma mensagem, fazendo Adie sumir de vez – num outro momento o mesmo texto teria lhe arrancado sorrisos insinuantes, mas naquele instante só causou irritação por estragar a vibe boa dele.

Derry ficou bolado com a situação, não por estar de conversa com outras garotas enquanto estava com Adie, mas pelo fato de ser descoberto e nem ter como contornar, ele ficou tão em choque que o superpoder de veco travou total.

Ficar com ela era bom demais, mas Derry queria curtir sem qualquer obrigação ou compromisso, não estava a fim de se amarrar justo quando se deu conta do poder de atração que tinha.

Se soubesse o quanto isso ia chatear Adie, ele teria desativado as notificações do app, aí não tinha aparecido nada quando chegou mensagem, também podia ter ativado o bloqueio por biometria, evitando do conteúdo aparecer na notificação, afinal, o que não chega aos olhos, não balança o coração.

O Tinder lhe mostrou o quanto era interessante, quase todo perfil curtido resultava em match, aumentando o número de mensagens e as possibilidades, então ele partiu pro abraço, beijo e tudo mais que tivesse direito – e com a fila em movimento, ele não quis sair da pista.

Por isso, mesmo estando com Adie, continuou conversando com os contatinhos, pra Derry estava tudo de boas – ele não tinha assumido compromisso nenhum, estava apenas ficando e proporcionando a melhor experiência possível.

“Ficar com alguém não implica em relacionamento ou fidelidade, apenas em curtir o momento.”

Ele só queria aproveitar o momento, a juventude e beleza antes de tudo murchar e perder o sentido, por isso se jogou, curtindo cada oportunidade, trocando ideia com tantos contatinhos quanto desse.

Cheio de opções, Derry desfrutou da melhor maneira possível, pescando toda qualidade de peixe – o que importava era cair na rede. Assim, com a agenda pocando e sem paciência pra aumentar o número de matches ficou por lá nem uma semana.

Ele logo descobriu como saber quem o curtira, limitando a distância a 3 Km, os perfis sugeridos acima disso resultavam em matches, após isso a mecânica do app fez perder a graça.

E se antes a agenda dele já era disputada, só ficou com menos tempo pra conseguir conciliar as conversas e encontros – motivo pelo qual demorou pra sair com Adie.

O tempo correu e com ele arrastou uns bons meses, deixando tudo isso pra trás – bem, tudo não, pelo menos a história com Adie, porque o celular continuava pocando de contatinhos – foi quando o iPhone de Derry apitou sinalizando que tinha recebido mensagem.

Ao visualizar a notificação, ele não podia ter ficado mais surpreso ao ver quem a enviara, ainda por cima solicitando sua presença.

— Cê queria falar comigo? – Derry quis saber ao chegar no local.

— Exatamente! – Ela sorriu. – Te pedi pra vir aqui hoje porque vamos te readmitir.

— Como assim?! – Ele ficou confuso.

— Sei que acabamos por te encerrar seu contrato, mas o problema que a gente tinha foi resolvido e como você é um excelente profissional, o queremos novamente conosco.

— Entendi! – Ele refletiu. – Aceito a proposta, mas quero um aumento de 21% pra retornar.

Camille riu ao ouvir a proposta, mas quando viu que Derry falava sério, até esqueceu o motivo da graça.

— Bom, vou precisar de um tempo pra te responder.

— OK! Aguardo a resposta.

Três dias antes, numa conversa onde estavam presentes Travis, Camille e Derry, a gerente geral disse que ele estava sendo dispensado porque estava tendo problemas com a equipe.

“O que não chega aos olhos, não balança o coração.”

— Na verdade, com hierarquia. – Travis fez questão de corrigir.

Assim, mesmo admitindo que ele era um excelente profissional e que não havia nada que o desabonasse quanto a realização de suas atribuições, o demitiram.

Ainda sem entender o motivo de uma readmissão tão rápida, Derek trocou uma ideia com Hendrik, seu amigo, que lhe informou que no dia anterior Travis havia pedido demissão e agora estava de aviso.

— Como assim, pai?

— Pra cê ver como são as coisas!

— Quer dizer que ele fez o possível pra me tirar e quando conseguiu, pediu demissão?

— Exatamente!

Hendrik lhe contou que desde a primeira conversa que eles tiveram, Travis tinha pedido a cabeça dele, mas que não aceitaram.

— Que descarado! Ele ainda teve a cara-de-pau de dizer que foi ele quem me defendeu,

— Ele que sempre tentou te tirar daqui.

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— Não sei o que pega, mas ele tá tratando mal a geral, menos os novatos. Pobres iludidos!

— Acredita que quando entrei também cai na conversa dele, Hendrik?

— Foi o mesmo comigo! Ele consegue ser sedutor, mas isso é só mascará, daí que ela cai.

Hendrik desconhecia o real motivo da saída de Travis – na verdade, ninguém sabia, mas nem importava, apenas que ficou claro pra todos que Travis não era estável emocionalmente e que Derry foi injustiçado.

Ser demitido, por nenhum outro motivo a não ser porque Travis tinha medo de Derry tomar-lhe o cargo – já que não o servia cegamente, questionando decisões pra evitar erros e por procurar fazer o melhor – o fez parecer ser descartável.

Por isso ao reconhecerem o erro cometido ele exigiu aumento, pois se o queriam de volta é porque seu valor não era condizente ao salário que antes recebia.

— Como arrependimento não mata, pelo menos dá pra lucrar com ele.

Derry foi pra casa, enquanto aguardava a resposta, nisso o iPhone vibra e ele abre o app de mensagens, só pra ver o retorno positivo de Camille.

— Oi, tudo bem?

— ADIE! – Ele berrou assustado, freando bruscamente.

Um pouco mais e ele teria se chocado com o carro que invadiu o cruzamento no sinal vermelho, mas surpreso pela mensagem recebida ele mal se deu conta disso.

— Não creio! – Ele riu nervoso ao se dar conta do que acabou de escapar, não fosse pelo freio ABS, essa ia ser a última mensagem que recebia dela, então conectou o celular no carro e foi ditando as respostas.

— Tudo ótimo e você?

— Bem, mas tô com saudades!

— Parece que o jogo virou, não é mesmo!?

— Enviar? – A assistente virtual perguntou.

— Não! – Derry gritou, assustado. – A gente pode nem mais falar nada. Aff!

— Mesmo?! – Essa ele autorizou o envio. – Pensei que nem quisesse mais me ver.

— Também! Mas sinto falta de seus beijos e seus carinhos. – Adie ainda lembrava da textura macia dos lábios de Derry, com a espessura que parecia pedir pra serem mordidos.

— Cê não tá com raiva, então!?

— Não! Quando a gente vai sair de novo?

— Olha só! Cê quer mesmo sair comigo?

— Quero!

— Cê tá ligada que não sô propriedade de ninguém, né!?

— Sei!

— E isso não te incomoda?

— Não!

— Certeza!? Da última vez cê pareceu ficar bolada.

— Mas ligo não, o que importa é ficar contigo. Cê tá fazendo falta!

— Beleza, então! – Ele deu um sorriso de canto de boca por ela aceitar sua condição.

Agora Derry podia ficar mais tranquilo, sem ficar de consciência pesada por estar com outras garotas, afinal, ficar com alguém não implica em relacionamento ou fidelidade, apenas em curtir o momento e parece que, finalmente, Adie tinha entendido isso.

— Bora no cine?

— Quando?

— Amanhã! Tem umas opções boas em cartaz.

— Vixe! O problema é que tá tenso pra mim agora, cabei de sair do emprego.

— Relaxa! Como tô te convidando, eu pago. É o mínimo que posso fazer!

“Caraca, moleque! Credito numa coisa dessas não, só pode ser sonho!” – Derry achou melhor só pensar, vai que isso acabava sendo enviado.

— É, arrependimento não mata mesmo! – Derry soltou ao descer do carro, coçando a barba, intrigado.

Chegava mesmo a ser engraçado o resultado das coisas, além de Adie ir atrás dele, querendo ficar novamente, sem exigir exclusividade, ainda ia pagar?

Embora ele não curtisse ser bancado por ninguém, ainda mais por garota, deu a desculpa do desemprego só pra ver o quanto Adie realmente estava disposta a ficar com ele.

— Combinado, então!

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— Derry?

— Oi? – Foi tudo que ele conseguiu responder ao abrir os olhos e visualizar a mensagem, logo cedo.

— A gente aceita sua proposta. Você pode retornar hoje mesmo?

— Sim! Daqui a pouco estou aí.

O expediente terminou, com Derry ainda mais satisfeito que antes, agora não tinha mais aquele peso que o tentava botar pra baixo, veio a noite e dia findou, passaram dois, três dias, uma semana, depois os meses e nenhuma outra mensagem foi mais trocada entre ele e Adie.

Apesar da euforia de ter conseguido exatamente o que queria, Derry não conseguiu sair com Adie, ela era doce e inocente demais pra ele fazer isso com ela, pois, por mais que ela tivesse dito que estava nem aí, ele sabia o quanto isso podia magoá-la – ainda estava bem nítida na memória a cara de decepção dela ao ver a mensagem enquanto planejavam o próximo encontro.


#proximoepisodio

Ilusão é o erro ou engano da percepção, entendimento, sentidos ou mente, que leva até uma interpretação falsa ou irreal, podendo ser mero devaneio ou sonho. Mas como saber o que é real ou ter certeza que as coisas que você viveu aconteceram de verdade?

Prepare-se pro último episódio da minissérie – que será especial de halloween – muitas surpresas estão te aguardando, onde você irá questionar a certeza que pensou ter – será assustador!

Ósculos e amplexos,

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