Poesificando: Da janela a vida acenou pra mim
Rob Wingate/ Unsplash

Da janela a vida acenou pra mim

Pela janela vi a vida passeando,
Meio corrida, um tanto mais de vagar,
Mas num ritmo diferente do que imaginei.

A visão que tive daqui
É diferente do que se experimenta de lá,
Entre frenéticos passos tentando alcançar
Um tempo que não espera por ninguém
E um caminhar descontraído só pra ver
O que o dia a dia oculta-nos da visão.

Daqui de cima, se percebe a grandeza
Que o viver proporciona.
Mesmo em minha pequenez
Esse sentimento desperta
Necessidade de viver intensamente.

Sabendo que aqui, onde é sombra
Daquilo que o tempo não pode conter,
Somos todos um, apesar de divergentes.

E que apesar de intensa e prazerosa,
Esperar apenas nessa vida é esquecer
Que na dimensão onde só existe luz,
Onde não há sombras ou escuridão,
Há um prazer tão verdadeiro que
Apenas um novo corpo pode provar.

E se as cores são belas, sentimentos fortes,
Músicas envolventes,
A natureza profunda e relaxante,
Onde sentidos se confundem num ápice de prazer,

No dia em que conhecermos a verdade absoluta,
Inteiramente como somos conhecidos,
Veremos que o que começou aqui
Não passa de eco da eternidade,
Por isso sigo, sem abrir mão das escolhas.

A vida pela janela
John-Mark Smith/ Unsplash

Meu viver é entrega, embora isso me custe
E o morrer é certeza, da liberdade enfim.
Enquanto decido viver, posso todas as coisas
E mesmo que não acerte
Há sempre possibilidades de corrigir a rota.

Fecho a janela, cumprimentado
Pela última brisa que escapou,
Enquanto o céu escurece,
Ocultando a luz que iluminava o dia,
Ainda assim permanece luz que mostra
Onde meus cansados pés devem ir.

Assim vou tendo, de janela em janela,
Uma percepção diferente daquilo
Que olhos ainda não enxergam,
Nem havia soado aos ouvidos,
Ou chegado ao coração.

Mas quando meus passos seguem lá embaixo
Sou como outro a vagar
Pelo caminho que de cima vi
E quem sabe não seja eu o motivo
De outra poética inspiração
A correr solta por janelas
Abertas ao vento, chuva, sol e lua.


#papolivre

É engraçado como algo simples e tão presente, como uma janela, pode nos mostrar tanta coisa e fazer a gente refletir sobre a vida, viajando em filosofias que fazem parte de nós mesmos, sem que muitas vezes a gente se dê conta – exatamente assim nasceu esse poema.

Estava com minha família em Poços de Caldas, então olhei pra janela do prédio que nos hospedamos e me deixei livre pra sentir a inspiração que ela proporcionava, assim as palavras começaram a se formar, virando sentenças, até trazer a profundidade que os dias nos tentam roubar.

Meu caso de amor com janelas é antigo, por elas sempre observei a imensidão do céu e a chuva cair, ainda mais porque minha cama fica ao lado de uma, por onde tenho a felicidade de contemplar o sol despertar e quando se põe a dormir, além das floridas árvores bailando ao vento.

Pela janela o céu mostra lindas paisagens, ali enxergamos tanta coisa, mas principalmente é onde vemos a vida passar, em diferentes ritmos e intransigentes estações, que apática a qualquer desejo de controle, segue em seu próprio compasso, rumo a algo maior.

Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
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